Pára-raios e pára-tremores de terra
Num livro que comprei há poucos dias li uma história curiosa relativa à relutância do clero, no século XVIII, em colocar pára-raios nas suas igrejas.
'Em 1745, a torre do sino da catedral de S. Marcos, em Veneza, foi mais uma vez destruída por uma tempestade. Em menos de dez anos, Benjamin Franklin dominava a natureza eléctrica do raio. O seu pára-raios poderia ter salvo muitas igrejas dessa voz da reprovação divina, que frequentemente se pensara ser o trovão. Mas White conta que esta ingerência nos assuntos da divina providência, esta presunção em controlar a artilharia dos céus sofreu uma tão longa oposição por parte das autoridades eclesiásticas que a torre de S. Marcos foi atingida de novo em 1761 e 1762. Só em 1766, foi instalado um pára-raios e a partir de então o monumento foi poupado'. (retirado de Brooke, J.H. (2003), Ciência e Religião - Algumas perspectivas históricas. Porto: Porto Editora)
Esta história fez-me recordar que pela mesma época também se falava em pára-tremores de terra, os quais não eram mais do que barras metálicas de grandes dimensões que deveriam ser enterradas em torno das cidades como prevenção de terramotos. Esta estranha proposta resultava de se pensar que os sismos poderiam ter origem em tempestades eléctricas subterrâneas, semelhantes às que se registam na atmosfera.
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