Histórias da Geologia

Este blog pretende ser um espaço de reflexão sobre a evolução do conhecimento geológico ao longo dos tempos, principalmente a partir do século XVII, não esquecendo porém as pequenas histórias que fazem a grande história

sábado, fevereiro 11, 2006

Xavier de Almeida, Elementos de Mineralogia e de Geologia (1881)

Xavier de Almeida, F.A., 1881, Elementos de Mineralogia e de Geologia, Lisboa:Livraria Ferreira. (168 páginas)
(Nota: compêndio aprovado pela Junta Consultiva de Instrução Pública para uso nas escolas – Diário de Governo nº99, de 5 de Maio de 1881)

Este manual, de Xavier de Almeida, dedicado ao “seu mestre e amigo o Doutor Pereira da Costa” (1809-1889), divide-se em dois grandes domínios: mineralogia e geologia. Por sua vez, o primeiro subdivide-se em 5 capítulos mais um complementar, e o segundo em 9 capítulos, 4 dos quais dedicados à paleontologia e à estratigrafia:

- Capítulo IV – Fósseis
- Capítulo V – Período azoico e período paleozóico.
- Capítulo VI – Período secundário ou mesozóico.
- Capítulo VII – Período cenozóico.

Depois de apresentar uma definição de fóssil, no capítulo IV, o autor faz referência a diversas classificações de fósseis: segundo a série orgânica (animais e vegetais), segundo o meio em que vivem (terrestres, fluviais, lacustres, marinhos, etc.), segundo a analogia com seres actuais (idênticos, análogos e perdidos) e segundo o grau de petrificação (inorgânicos, semi-orgânicos e orgânicos).
Posteriormente, refere-se às “impressões orgânicas” e “impressões physiologicas”. As primeiras resultado da destruição completa do “corpo orgânico”, restando deste apenas um molde (interior e/ou exterior). Por sua vez, as "impressões physiologicas" correspondem a pegadas de animais, repteis sáurios ou aves. Xavier de Almeida associa a esta classificação as pegadas de um imaginário Labyrinthodonte. É ainda feita referência aos “coprolites”.
Lista, em seguida, os vários processos de fossilização, organizados por: alteração, introdução mecânica, penetração molecular, substituição, conversão química e transformação da estrutura interna. Posteriormente, refere a importância dos fósseis para a geologia, nomeadamente para a definição da sucessão cronológica das formações sedimentares e para a determinação da “ ordem em que os animaes e os vegetaes entraram e saíram da grande scena da vida”( p.106). O autor afirma que, como disse Cuvier, os fósseis são “as medalhas da creação, são elles que nos mostram qual foi a sucessão dos seres organisados desde a formação dos primeiros depósitos sedimentares até aos nossos dias, são elles que nos fornecem os elementos para a distribuição das diversas epochas e períodos geológicos. Cada epocha tem os seus fosseis característicos que se não encontram nem abaixo nem acima dos terrenos que a representam” ( p.107).