As cidades invisíveis de Italo Calvino
Nestes dias de descanso aproveitei para ler as Cidades Invisíveis de Italo Calvino. Este autor italiano, cujo pai dirigia uma missão botânica em Cuba quando ele nasceu, teve sempre grande ligação às Ciências da Natureza, nomeadamente à Geologia através de um tio e de um irmão o que poderá justificar algumas das descrições que faz de cidades fantásticas, ou melhor, se nos colocarmos no contexto da obra, as descrições que Marco Polo faz a Kublai Kan das cidades que visitou no decurso das suas viagens:
'Passando o rio a vau, atravessando a passagem, o homem encontra-se de repente diante da cidade de Moriana, com as portas de alabastro transparentes à luz do sol, as colunas de coral que sustêm os frontões incrustados em serpentina, os palácios todos de vidro como aquários ...'
ou ainda
´Transmite-se em Bersabeia esta crença: que suspensa nos céus existe outra Barsabeia, onde se ponderam as virtudes e os sentimentos mais elevados da cidade, e que se a Bersabeia terrena tomar como modelo a celeste se tornará uma só com ela. A imagem que a tradição divulga é a de uma cidade de ouro maciço, com cavilhas de prata e portas de diamante, uma cidade-jóia, toda entalhes e engastes, como só o máximo de estudo laborioso pode produzir aplicando-se em matérias de maior valor. Fiéis a esta crença, os habitantes de Bersabeia fazem honra a tudo o que lhes evoca a cidade celeste: acumulam metais nobres e pedras raras, renunciam aos abandonos efémeros, elabaoram formas de comedida compostura'.
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