Histórias da Geologia

Este blog pretende ser um espaço de reflexão sobre a evolução do conhecimento geológico ao longo dos tempos, principalmente a partir do século XVII, não esquecendo porém as pequenas histórias que fazem a grande história

quarta-feira, setembro 06, 2006

As experiências de Nicolas Lemery (1645-1715)


No século XVII, o químico francês Nicolas Lemery (1645-1715), realizou uma série de experiências, que ficaram conhecidas como o ‘vulcão de Lemery’, através das quais procurou explicar tanto as erupções vulcânicas como os tremores de terra.

Lemery, possuidor de uma formação de base em em medicina/farmácia, abriu em 1672, em Paris, numa cave da rua Galande, um curso de química que teve um enorme sucesso. Segundo Fontenelle (1657-1757), a afluência a este curso era tão grande que dificilmente Lemery conseguia espaço para realizar as suas experiências. Entre estas, a construção dos seus 'vulcões' parece ter sido das actividades que maior impacto e sucesso tiveram.

Uma das experiências é descrita por Lemery do seguinte modo:


‘Tomei uma amostra de partes iguais de ferro e enxofre em pó; transformei-a numa pasta através da introdução de água, e deixei-a descansar durante 2 ou 3 horas, na ausência de fogo, durante este período fermentou e aumentou de volume com um considerável calor; a fermentação rompeu a pasta em diversos locais, e através das fendas saíam vapores que na verdade não estavam muito quentes porque a massa era pequena, mas quando esta é maior, como de 30 a 40 libras, na verdade surge uma chama'.

Para Lemery as 'fermentações' que ocorríam nesta experiência e eram acompanhadas de libertação de energia, resultavam da penetração e da violenta fricção com que as 'pontes ácidas' do enxofre pressionavam as partículas de ferro. Estas reacções, ao ocorrerem no interior da Terra, seriam suficientes para explicar tanto sismos como erupções vulcânicas.

Alguns relatos referem que Lemery começava por fazer um pequeno cone, que depois cobría com terra e a que posteriormente decapitava o vértice, onde colocava um carvão incandescente o que permitia introduzir alguma espectacularidade na experiência.