Histórias da Geologia

Este blog pretende ser um espaço de reflexão sobre a evolução do conhecimento geológico ao longo dos tempos, principalmente a partir do século XVII, não esquecendo porém as pequenas histórias que fazem a grande história

quarta-feira, outubro 11, 2006

As Metamorfoses de Ovídio

Foi ontem lançado o primeiro volume da excelente tradução de Domingos Lucas, para português, das Metamorfoses de Ovídio, autor contemporâneo de Virgílio e Horácio, que nasceu em Sâmnio nos princípios de 43 a.C.. As Metamorfoses são um longo poema cosmogónico em que Ovídio 'parte do Caos primitivo, da sua transformação em Natureza, e encaminha-se, por sucessivas transformações, para a chegada de Eneias a Itália, percorre a história de Roma até à adivinhação de César e à apoteose de Augusto'.

Sobre as 'Origens do Mundo' e a 'Separação dos elementos', Ovídio refere no Livro I:

'Antes do mar e da terra, e do céu que tudo cobre,

era uniforme em todo o Orbe o aspecto da Natureza,

à qual chamaram Caos: massa confusa e informe,

apenas peso inerte, amálgma discordante

de elementos mal unidos.

(...)

Um deus (e a Natureza favorável já) pôs fim a esta contenda,

pois separou a terra do céu, da terra separou as águas,

e do ar espesso segregou o céu empíreo.

Depois de os separar e os arrancar à tenebrosa massa,

prendeu cada um a seu lugar em harmoniosa paz.

A substãncia ígnea e imponderável do céu convexo

começou a brilhar e definiu para si um lugar nas regiões superiores.

O ar está próximo dela em razão da levez e do lugar.

mais densa do que estes, a terra arrastou os elementos pesados

e está comprimida pelo próprio peso. A água, espalhada em volta,

assenhoreou-se dos últimos pontos e circunscreveu o mundo sólido.'

(...)